Donos de carros elétricos contam quanto pagam de conta de luz no Brasil
Solis Energia – 14/05/18
Ainda raríssimo, carro elétrico gasta cerca de 10 centavos de real a cada quilômetro rodado
Dono de um BMW i3 e de um scooter elétrico, o administrador de empresas Leonardo Celli Coelho diz gastar apenas R$ 60 por mês com a conta de luz da sua casa, em Jaguariúna (SP), equipada com um carregador semirrápido “Wallbox Pro” na garagem. Tem truque? Um dos primeiros entusiastas da tecnologia elétrica para automóveis no Brasil, Coelho instalou células fotovoltaicas no telhado do imóvel, que geram toda a energia de que necessita, e diz gastar R$ 0,10 por quilômetro rodado com o carro. Para isso, investiu cerca de R$ 25 mil nos equipamentos, mais o custo dos veículos em si — só o i3 custava, enquanto era vendido no país, entre R$ 160 mil e R$ 250 mil.
“Os R$ 60 são referentes à tarifa básica obrigatória da concessionária [de energia elétrica]”, afirma Coelho. O administrador explica que precisa pagar pela instalação diferenciada: as placas solares precisam passar por uma homologação da concessionária de energia; o medidor convencional é substituído por um de “duas vias”, responsável por registrar tanto a eletricidade consumida pelo imóvel quanto a produzida pelas células; é preciso contratar 50 kWh obrigatórios da “taxa de disponibilidade” de energia. Daí o preço fixo mensal citado. Não fosse isso, diz poderia até estar recebendo dinheiro, em vez de pagar: “Na prática, as placas geram mais energia do que gasto, sou superavitário. Infelizmente, o modelo atual de distribuição não permite que eu venda a energia excedente”. Essa energia extra acaba convertida em créditos pela distribuidora local (a CPFL, que atua no interior do Estado de São Paulo), como um banco de horas, que podem ser gastos em até cinco anos. Tudo vem informado na fatura mensal, inclusive os bônus.
Segundo Coelho, seu sistema caseiro produziu de março a abril mais de 1,9 mil kWh, contra um consumo de 1.789 kWh no mesmo período. No mês passado, o imóvel gerou 427,6 kWh e consumiu 523 kWh, mas aí o administrador usou créditos obtidos com a produção excedente em meses anteriores e continuou pagando a tarifa mínima. O administrador estima que o gasto com as placas solares seja compensado em cinco anos ou menos. A análise da fatura indica ainda que seu gasto com o carro elétrico em si é de R$ 12 a cada recarga completa para rodar pelo menos 110 km, chegando ao custo de R$ 0,11 por quilômetro. Vale destacar que Coelho roda cerca de 40 km por dia, a maior parte em percurso urbano, perfil de uso totalmente atendido por essa autonomia.
Mas e na hora de viajar? Para rodar aproximadamente 250 km sem necessidade de parada, é preciso acrescentar à conta acima o valor referente aos nove litros de gasolina para abastecer o extensor de autonomia — o i3 tem um gerador estacionário de 800 cc que recarrega as baterias caso elas se esgotem durante o trajeto. Portanto, 250 km com o i3 custa R$ 12 de eletricidade mais cerca de R$ 36 com gasolina (considerando o preço médio de R$ 4): R$ 48. Ou seja, o custo por km rodado com extensor sobe para R$ 0,19. A título de comparação, um Volkswagen Up 1.0 aspirado tem média de consumo rodoviário de 15 km/l com gasolina (segundo o Inmetro). Assim, gastaria aproximadamente 16,6 litros para rodar os mesmos 250 km, por R$ 66,66 totais. O custo por quilômetro rodado seria de R$ 0,26. Mas você não precisa construir um posto de combustível no quintal, ao passo em que o carro do nosso exemplo parte de R$ 39 mil. “Posso rodar facilmente rodar 110 km ou até mais sem usar o extensor de autonomia. No meu i3, dos 49.229 km rodados, rodei apenas 6.933 usando o extensor. Ou seja, 42.296 km puramente elétricos”, relata.
Fonte: https://carros.uol.com.br/