Por que Minas Gerais atrai investimentos em energia renovável
Solis Energia – 26/02/18
Se você ainda não a conhece, é melhor se informar sobre e, se ainda não a usa, saiba que ainda precisará dela. Cada vez mais aumenta no mundo a geração e o consumo de energia das chamadas fontes renováveis: solar (fotovoltaica), dos ventos (eólica) e de biomassa. Esse crescimento ocorre também no Brasil, onde, até há algum tempo, só se falava basicamente em geração de energia por hidrelétricas, devido à quantidade de recursos hídricos, que não são mais tão abundantes, ocorrendo a redução do nível dos reservatórios e com ela, o aumento de custo da produção e a necessidade de busca de outras fontes de geração.
Assim como a energia dos ventos, mais barata e sem causar danos ao meio ambiente, a energia solar fotovoltaica está em franco crescimento. Minas Gerais também se destaca no setor como a unidade da Federação que mais recebe investimentos em megausinas solares. Também é o estado com maior quantidade de sistemas de microgeração e minigeração distribuída solar fotovoltaica, aqueles em que o próprio consumidor gera a energia consumida com painéis solares instalados em telhados ou outros espaços de residências, comércios, indústrias, edifícios públicos, fazendas e sítios.
De acordo com os dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Minas Gerais tem liderança folgada na geração distribuída de energia solar, daqueles sistemas em que o próprio consumidor produz a energia, instalados em residências, comércios, prédios, indústrias e propriedades rurais. Minas tem uma capacidade instalada de 37,9 megawatts de geração distribuída, bem à frente do segundo colocado, o Rio Grande do Sul, com 26 megawatts.
O estado também se destaca na geração de energia por usinas de grande porte, as usinas solares fotovoltaicas de geração centralizada, conectadas ao Sistema Interligado Nacional (SIN), por meio de leilões promovidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Minas ocupa o terceiro lugar no ranking nacional, com uma capacidade instalada de 231MW, sendo superado pela Bahia (342,2MW) e pelo Piauí (270MW). Ao total, a capacidade instalada de geração de energia solar fotovoltaica do território mineiro é de 268,9MW.
Por outro lado, o presidente da Absolar enfatiza que a tendência é que Minas, em pouco tempo, deverá assumir a ponta também na geração de energia solar por usinas de grande porte, pois o estado já tem contratados cerca 430MW de usinas que ainda vão entrar em operação.
Rodrigo Sauaia, presidente-executivo da Absolar, afirma que o território mineiro alcançou grande desempenho na geração de energia solar fotovoltaica por vários fatores. “São três vantagens principais. Primeiro, a irradiação solar do estado. Depois, as pessoas investem na geração de energia solar por conta da alta tarifa da energia. Além disso, um aspecto importante é que o estado tem uma legislação que incentiva os investimentos em energia, inclusive, com isenção de ICMS para a geração de energia fotovoltaica de até 5MW”, comenta.
Para João Paulo Palmieri, analista do Serviço de Apoio à Pequena e Média Empresa (Sebrae Minas), para a indústria, a energia solar em Minas tem a expectativa de crescer como negócio atrativo. “A energia solar tem um ambiente adequado para sua disseminação em Minas Gerais, pela irradiação solar, pela sustentabilidade e economia que oferece aos consumidores e também pelos incentivos governamentais oferecidos ao setor”, assegura Palmieri.
O sol forte sempre foi um castigo para o Norte de Minas, destruindo lavouras e deixando o chão esturricado onde a seca é um problema histórico. Agora, o mesmo sol virou um benfeitor por causa da energia gerada, que aquece a economia regional. Os municípios norte-mineiros recebem elevados investimentos em usinas de energia fotovoltaica. Segundo a Agência de Desenvolvimento do Norte de Minas (Adenor), “estudos apontam o Norte de Minas como o melhor local do país para instalação de empreendimentos fotovoltaicos, devido ao alto índice de insolação, disponibilidade de áreas com desembaraço fundiário e malha de distribuição sendo ampliada, o que reflete a cada ano em geração de negócios e empregos”. A entidade fez um mapeamento com georeferenciamento de 120 áreas propícias cadastradas para instalação de unidades de geração de energia. “Minas Gerais será, em breve, exportador, em vez de importador de energia, resolvendo definitivamente a falta de carga energética da região para novos investimentos produtivos”, afirma Uilton Rocha, responsável técnico do projeto de energias renováveis da Adenor.
A Fundação de Desenvolvimento Tecnológico do Norte de Minas (Fundetec) anunciou a criação do Centro de Excelência de Energia Fotovoltaica da região. Além disso, a Adenor e outras entidades de classe pretendem discutir a concessão de incentivos para atrair uma nova fábrica de painéis solares em Montes Claros. “No caso do Norte de Minas, a geração de energia solar fotovoltaica também contribui para gerar empregos e elevar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de uma das regiões mais carentes do estado. É a tecnologia promovendo o desenvolvimento socieconômico e melhorando a qualidade de vida das pessoas”, avalia o presidente da Absolar, Rodrigo Sauaia.
Com pouco mais de 53 mil habitantes, Pirapora é um dos municípios norte-mineiros que vivem o boom dos investimentos nas fontes renováveis de energia. A cidade recebe a instalação de uma grande usina solar, considerada a maior da América Latina, com investimento superior a R$ 1,4 bilhão. A megausina, montada pela empresa francesa EDF Energies Nouvelles, ocupa uma área de 800 hectares e conta com cerca de 1,2 milhão de painéis solares. Ela começou a funcionar em novembro e a expectativa é que quando atingir sua potência total, entre junho e agosto, tenha capacidade de gerar 400 mV, o suficiente para atender a 420 mil casas durante um ano. Existem outras 20 usinas de energia solar de médio porte contratadas para serem instaladas em outros municípios do Norte de Minas.
Fonte: https://www.em.com.br